Esse é um dos posts, ou o post, que escrevo com mais emoção!
Vou contar:
No ano de 1988, meu pai, Aldo P. T., saia de casa "deixando pra trás" 3 filhos e uma esposa, para passar a viver com outra mulher.
Quando somos muito crianças, o mundo ao nosso redor, passa quase despercebido. Eu não lembro bem dos meus sentimentos quando isso aconteceu. Eu só sei que eu gostava muito de ter meu pai por perto.
Lembro-me, nos dias seguintes à separação, que ele sempre estava por casa. A minha felicidade era imensa quando o via entrando, meu irmão do meio e eu não desgrudávamos, ficávamos sentados cada um em uma coxa dele. Uma das brincadeiras que ele fazia da qual não esqueço: "cade a polholhoca?" Hehehe...
Os anos foram passando, e eu fui tornando-me uma criança muito introspectiva. A falta de convível com meu pai, fez que perdesse, com o tempo, a intimidade com ele. Aos 11 anos foi a última fez que passei um tempo com meu pai (morando junto). Eu sempre preferia estar com minha mãe.
Algum tempinho depois, meu pai foi morar no Estado do Amazônas, o que fez eu me afastar ainda mais dele.
Meus irmãos sempre íam lá o visitar, mas eu não ía. Hoje não entendo muito bem o porquê, não sei se por falta de vontade ou por falta de insistência.
Eu sempre invejava a família dos meus colegas, que tinham pai e mãe não separados. Eu sempre sonhava e torcia muito pra que eles voltassem.
Os anos foram passando. E na minha adolescência, foi meio complicado não ter um pai por perto. Tinha muita vergonha de partilhar com minha mãe as mudanças que eu via ocorrer em mim, e que eu desconhecia.
Quando meu pai vinha para Belém, meus irmãos não saiam o lado dele, e eu geralmente o via só uma vez. Às vezes nem o via.
Nos meus aniversários, muitas vezes fiquei magoado, por ele não me ligar. Mas, eu também não ligava no dele!
Com 16 anos tive depressão, e cheguei pensar que meu pai não gostava de mim, mas esse sentimento passou depois de um tempo.
Já adulto, eu achava que não era mais necessário querer ter um pai por perto. Não fazia esforço para manter contato.
Ano retrasado, tive um pequeno desentendimento com minha madrasta. E no ano passado, quando eles vieram aqui, nós conversamos, e nos entendemos (a confusão foi devido fofocas e mentiras de terceiros). Nessa conversa, ela me falou sobre meu pai, e me contou que ele sempre falava de mim para as pessoas do Amazonas. Todos já me conheciam sem ao menos eu ter ido lá, e torciam para que a gente se reaproximasse. Ele falava bem de mim, e que queria muito que eu fosse mais presente na vida dele, que nós, filhos, somos o maior bem que ele têm. Eu me segurei para não chorar na frente dela.
Aquelas palavras não sairam da minha cabeça. E decidi aceitar o convite de passar um dias lá na cidade de Novo Airão-AM, com meu pai.
Foi a melhor viagem da minha vida, não pelo lugar, mas pela presença. Eu pude sentir, depois de anos, que eu tinha um pai. É uma sensação muito boa.
Vim embora de lá, com a intenção de, sempre que puder, voltar, e ser mais presente na vida do meu pai.
Não penso mais na volta dele com minha mãe, é uma coisa que não tem mais cabimento. Sei que o tempo já passou, e deixei de viver muito momentos com ele. Não consigo acreditar que já se passaram mais de 20 anos, e eu fiquei longe do meu pai. Às vezes, é como se o tempo tivesse passado, e eu não sei onde eu estava.
Essa semana faço niver, e meu pai manda o tal recado, no meu orkut. Ele quer me fazer chorar mesmo! E conseguiu.
Ele não tem que pedir perdão por nada. A culpa não foi dele, não houveram culpados, não sei, apenas aconteceu.
Pai, eu te amo muito.
Mais uma vez eu te digo, se eu não fosse feita de pedra até teria chorado com as coisas lindas que vc escreveu de seu pai... Emocionei mais uma vez...
ResponderExcluirTu és uma graça Dengo.
ResponderExcluirÉ isso aí, meu irmão! Nunca é tarde pra recomeçar uma história que foi interrompoida. Concerteza ainda vamos passar muitos momentos bons ao lado do "coroa", rsrsrs!!
ResponderExcluirUm grande abraço!
Ronnie Patrick
Cunhado!
ResponderExcluirEu chorei lendo o que escreveste, tenho certeza que vcs vão passar por muitos momentos bons.
Teu pai é um cara maravilhoso.
Sua família é maravilhosa, espero compartilhar tbm dos momentos de felicidades com vcs.
Beijos querido cunhado.
Flavinha.